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Por que o Brasil é o mercado de e-commerce que mais cresce na América Latina?

O Brasil consolidou-se como o principal protagonista do comércio eletrônico na América Latina, registrando taxas de crescimento que superam a média global. Com um mercado avaliado em US$ 275 bilhões em 2023 e projeções de alcançar US$ 457 bilhões até 2026, o país lidera a transformação digital na região.

Este crescimento acelerado é impulsionado por fatores como a alta penetração da internet, mudanças nos hábitos de consumo, inovações em pagamentos digitais e investimentos em logística.

Novos drivers do crescimento: além da tecnologia

1. Mercado de marketplaces em expansão

Os marketplaces respondem por 62% das vendas online no Brasil, segundo a ABComm. Plataformas como Mercado Livre, Magalu e Amazon concentram 80% do tráfego nacional, oferecendo infraestrutura para pequenos e médios vendedores.

Principais marketplaces brasileiros (2025)

Plataforma Visitantes/mês Faturamento anual Principais categorias
Mercado Livre 250 milhões US$ 5,3 bilhões Eletrônicos, moda
Amazon Brasil 214 milhões US$ 2,5 bilhões Livros, eletrodomésticos
Magalu 72 milhões US$ 240 milhões* Móveis, beleza
Shopee 136 milhões US$ 1,8 bilhões Moda rápida, acessórios

2. Estratégias de retenção de clientes

  • Assinaturas: 28% dos e-commerces oferecem programas de fidelidade (vs 15% em 2023).
  • Live commerce: Transmissões ao vivo geram 35% mais conversões que produtos estáticos.
  • Frete grátis: Disponível em 73% dos pedidos acima de R$ 150, reduzindo o abandono de carrinho em 22%.

Pagamentos digitais: a revolução do Pix e além

O Pix já representa 44% das transações online em 2025, superando cartões de crédito (41%). Suas novidades para os próximos anos incluem:

  • Pix Garantido: Pagamento parcelado direto entre contas bancárias (lançamento previsto para 2026).
  • Pix Internacional: Facilitando compras cross-border (em teste com Argentina e Uruguai).

Evolução dos métodos de pagamento (2022 vs 2025)

Método 2022 2025
Pix 19% 44%
Cartão de crédito 47% 41%
Boleto 15% 9%
Carteiras digitais 6% 15%

Cartões ainda mantêm relevância graças a:

  • Parcelamento sem juros: 83% dos consumidores usam até 12x.
  • Programas de cashback: 61% dos usuários de cartão premium compram mais para acumular benefícios.

Logística: A corrida pela última milha

Apesar dos desafios geográficos, startups e gigantes estão revolucionando a entrega:

  • Entrega em 24h: Disponível para 58% da população urbana via centros de distribuição regionais.
  • Lockers inteligentes: Rede de 12.000 pontos de coleta em farmácias e estações de metrô.
  • Drones: Testes em Manaus alcançam comunidades ribeirinhas com 92% de eficiência.

Custos logísticos por região (2025):

Região Custo médio por entrega
Sudeste R$ 18,90
Nordeste R$ 29,50
Norte R$ 41,20

O consumidor brasileiro em 2025: 4 perfis emergentes

  1. Silver surfers (55+ anos): 23% do mercado, gastam 18% mais que a média em saúde e luxo.
  2. Gen Z sustentável: 68% pagam premium por marcas com selo ESG.
  3. Cross-border shoppers: 29 milhões compram em sites internacionais, principalmente EUA e China.
  4. Social buyers: 41% das compras iniciadas via TikTok Shop ou Instagram Checkout.

Desafios críticos e soluções inovadoras

1. Guerra contra o abandono de carrinho

  • Motivos principais:
    • Frete caro (38%).
    • Processo de pagamento complexo (29%).
    • Falta do Pix (17%).
  • Soluções em alta:
    • Pix Automático: Pagamento em 1 clique com reconhecimento facial.
    • Cupons pós-abandono: 72% de eficácia na recuperação de vendas.

2. Regulação e segurança

  • Novo marco do e-commerce: Exige claridade em prazos de entrega e política de devoluções.
  • Open Banking: 64% dos consumidores compartilham dados bancários para ofertas personalizadas.

Projeções setoriais para 2026-2030

Categoria Crescimento projetado Destaques
Moda 14% ao ano Dominada por Shein e Renner
Eletrônicos 18% ao ano Vendas de smartphones lideram
Alimentos 22% ao ano Impulsionado por assinaturas de kits gourmet
Saúde & Beleza 19% ao ano Automação de reposição via IoT

Conclusão

O Brasil é um ecossistema fértil para o e-commerce, impulsionado por tecnologia, comportamento do consumidor e adaptação empresarial. Com investimentos contínuos em infraestrutura e logística, o país continuará a ditar o ritmo do comércio digital na América Latina.