Como Portugal se Tornou um Líder em Energia das Ondas e Offshore?
Portugal emergiu como um exemplo global na transição energética, especialmente no aproveitamento do poder do oceano. Combinando políticas visionárias, investimentos em tecnologia e uma geografia privilegiada, o país transformou-se em um laboratório vivo para energias renováveis marinhas. Este artigo explora os marcos, projetos inovadores e estratégias que posicionaram Portugal na vanguarda da energia das ondas e eólica offshore.
1. O Começo: Pioneirismo em Energia das Ondas
Portugal iniciou sua jornada na energia das ondas ainda na década de 1970, com projetos de pesquisa e desenvolvimento. Um marco crucial foi a Central de Ondas do Pico, nos Açores (1999), a primeira usina de onda do mundo conectada à rede elétrica. Com capacidade de 400 kW, ela utilizava tecnologia de coluna de água oscilante desenvolvida por instituições portuguesas.
Principais Projetos de Energia das Ondas em Portugal
Projeto | Localização | Capacidade | Tecnologia | Status |
Central do Pico | Ilha do Pico (Açores) | 400 kW | Coluna de água oscilante | Desativado (2018) |
WaveRoller | Peniche | 350 kW | Painéis submersos | Testes (2010-2012) |
Eco Wave Power (Porto) | Porto | 20 MW | Flutuadores onshore | Em desenvolvimento (2026) |
CorPower (HiWave-5) | Viana do Castelo | 120 kW | Conversores de energia | Instalação em 2023 |
2. Estratégia Governamental: Do Papel à Ação
A liderança de Portugal não é acidental. O país estruturou sua estratégia em três pilares:
- a) Planos Nacionais de Energia
- Roteiro para Energias Renováveis Oceânicas (2016): Identificou o potencial das energias eólica offshore e das ondas, com metas para suprir 25% da eletricidade nacional.
- Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC): Almeja 85% de eletricidade renovável até 2030, incluindo 70 MW de energia das ondas e 10 GW de eólica offshore.
- b) Incentivos Financeiros
- Fundo Azul: Investiu €42 milhões em estudos geotécnicos e projetos piloto, como o CorPower.
- Subsídios da UE: Programas como Horizonte 2020 e o Fundo de Desenvolvimento Regional apoiaram iniciativas como a Eco Wave Power.
- c) Cooperação Internacional
Parcerias com empresas norueguesas e espanholas aceleraram o desenvolvimento de tecnologias flutuantes, como o projeto WindFloat (Aguçadoura), que resistiu a ondas de 17 metros.
3. Tecnologias Inovadoras: Destaques Globais (Ampliado)
Eco Wave Power no Porto
O projeto de 20 MW no Porto, em fase final de preparação estrutural (março de 2025), inclui:
- Modernização da Galeria Subaquática: Remoção de 15 toneladas de areia e detritos, reforço estrutural com concreto armado, e substituição de 12 portas metálicas para resistir a tempestades.
- Museu da Energia das Ondas: Uma área de 800 m² com projeções 3D interativas e dados em tempo real da usina, projetando atrair 50 mil visitantes/ano.
- Equipe Especializada: Juan José Gómez, gerente da estação, supervisiona a instalação de 48 flutuadores conectados a geradores hidráulicos, capazes de operar com ondas de até 4 metros.
Detalhes Técnicos do Projeto Eco Wave Power (Porto)
Parâmetro | Especificação |
Capacidade | 20 MW (suficiente para 15.000 residências) |
Tecnologia | Flutuadores onshore com pressão hidráulica |
Investimento | €27 milhões (parceria público-privada) |
Redução de CO₂ | 30.000 toneladas/ano |
4. Impactos Ambientais e Econômicos (Atualizado)
- Proteção de Ecossistemas: O PAER (Plano de Alocação de Energias Renováveis Offshore) excluiu 32% das áreas inicialmente propostas após consulta pública, preservando rotas migratórias de baleias e zonas de pesca.
- Empregos Qualificados: O Hub Azul Portugal, com €90,3 milhões de investimento, já capacitou 120 técnicos em manutenção de turbinas flutuantes.
- Energia Eólica Flutuante: O parque WindFloat (Viana do Castelo) operou por 5 anos com disponibilidade de 93%, superando expectativas.
Novas Áreas de Desenvolvimento Offshore (PAER 2025)
Localização | Área (km²) | Capacidade (GW) | Tipo de Energia |
Viana do Castelo Norte | 229 | 0,8 | Eólica flutuante |
Leixões | 722 | 2,5 | Híbrida (eólica + ondas) |
Figueira da Foz | 1.325 | 4,6 | Eólica flutuante |
Sines | 430 | 1,5 | Eólica fixa |
5. O Futuro: Expansão e Sustentabilidade (Detalhado)
Leilão de 2 GW até 2030
- Empresas Interessadas: IberBlue Wind (Espanha/Irlanda), Copenhagen Infrastructure Partners (Dinamarca), e Galp-TotalEnergies (Portugal/França) já manifestaram interesse.
- Critérios de Seleção: Prioridade para projetos com:
- Sistemas de reciclagem de pás de turbinas
- Integração com hidrogênio verde
- Parcerias com universidades locais.
Zona Tecnológica Livre de Viana do Castelo
- Testes em Curso: A CorPower está validando conversores de energia com inteligência artificial, que ajustam a potência conforme a altura das ondas.
- Investimentos: €42 milhões do Plano de Recuperação e Resiliência para estudos geotécnicos em 2.000 km² do Atlântico.
6. Cooperação Internacional (Nova Seção)
Portugal está liderando alianças estratégicas para consolidar sua posição global:
- Noruega: Parceria no desenvolvimento de âncoras para turbinas flutuantes, usando a experiência norueguesa em plataformas de petróleo.
- Estados Unidos: Acordo com a Califórnia para exportar tecnologia de usinas híbridas (ondas + solar flutuante).
- União Europeia: Financiamento de €200 milhões via Fundo de Inovação para projetos piloto no Arquipélago dos Açores.
Conclusão
Portugal não é apenas um líder em energia oceânica, mas um arquiteto de um novo modelo energético. Com 85% de eletricidade renovável já em 2024, o país prova que inovação e sustentabilidade podem coexistir. Projetos como o do Porto e a Zona Tecnológica de Viana do Castelo são faróis para uma economia azul global, onde o oceano é tanto um recurso quanto um guardião climático.