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7 Avanços em Bioenergia e Biomassa no Brasil

O Brasil consolidou-se como um dos líderes globais em energia renovável, com a bioenergia e a biomassa desempenhando papéis cruciais na transição energética. Em 2023, o país atingiu marcos históricos, impulsionados por inovações tecnológicas, políticas públicas e investimentos estratégicos. Neste artigo, exploramos sete avanços que estão moldando o futuro do setor, complementados com dados atualizados de 2024 e 2025.

1. Geração Recorde de Energia a Partir de Biomassa

Em 2023, a biomassa contribuiu com 3.218 MW médios para a matriz elétrica brasileira, representando 4,6% do consumo total do país. Esse recorde superou o anterior (3.140 MW em 2020) e reforçou a biomassa como uma fonte estável e renovável.

Destaques:

Indicador Dado
Capacidade instalada 12.410 MW (bagaço)
Plantas ativas 637 projetos
Fontes secundárias Biogás (201 MW), licor negro (3.334 MW)

O bagaço de cana-de-açúcar lidera, com 422 usinas em operação. Já o licor negro (subproduto da indústria de celulose) surge como a segunda maior fonte, capaz de abastecer milhões de residências.

2. Bagaço de Cana: Ouro Verde da Bioenergia

A cana-de-açúcar não apenas move o setor de etanol, mas também gera eletricidade. Em 2023, o bagaço foi responsável por 35,4 bilhões de litros de etanol e 12.410 MW de energia. A integração entre usinas de açúcar/etanol e geradoras de energia maximiza o aproveitamento dos resíduos.

Vantagens:

  • Redução de custos para usinas.
  • Geração de receita adicional com a venda de excedentes.
  • Evita o descarte de 80 milhões de toneladas de bagaço/ano.

3. Tecnologias de Conversão de Biomassa

Inovações como pirólise e gaseificação estão revolucionando a eficiência energética. A Gás Verde, maior produtora de biometano da América Latina, planeja aumentar sua capacidade para 580.000 m³/dia até 2026. Outros avanços incluem:

  • Biorrefinarias: Transformação de resíduos em biocombustíveis avançados.
  • Coprocessamento: Mistura de óleos vegetais com diesel fóssil (Petrobras).

Descoberta revolucionária:

A enzima CelOCE, identificada em solos brasileiros, aumenta em 21% a liberação de glicose de resíduos agroindustriais, potencializando a produção de etanol sem expansão de áreas cultivadas. Essa inovação pode adicionar bilhões de litros à produção atual de 43 bilhões de litros/ano.

4. Expansão do Biogás e Biometano

O biogás, proveniente de aterros e resíduos agrícolas, ganhou destaque em 2023:

  • 74,9 milhões de m³ de biometano produzidos (+12,3% vs. 2022).
  • Aumento de 223 MW na capacidade instalada.

Exemplo prático:

“A digestão anaeróbia de dejetos animais reduziu emissões em 71,1 milhões de toneladas de CO₂ equivalente em 2022”.

5. Licor Negro: Energia da Indústria de Celulose

O licor negro, resíduo da produção de papel, gera 3.334 MW em 22 usinas. Sua queima em caldeiras de alta pressão permite:

  • Autossuficiência energética para fábricas.
  • Venda de excedentes para a rede nacional.

6. Políticas Públicas e RenovaBio

O programa RenovaBio sofreu ajustes em 2025 para incluir produtores de biomassa nos Créditos de Descarbonização (CBIOs). Principais mudanças:

  • Cana-de-açúcar: 60% da receita de CBIOs + bônus de até 85% por eficiência comprovada.
  • Biodiesel: Meta de mistura aumentará gradualmente de 15% (2025) para 20% (2030).

Novo marco legal (2024):

A Lei dos Combustíveis do Futuro integra políticas como o Mover e o ProBioQAV, que exigem redução de 1% nas emissões da aviação até 2027, alcançando 10% em 2037. A Petrobras iniciará produção de SAF (combustível sustentável de aviação) em duas refinarias a partir de 2028.

7. Projeções para 2024–2030

O Ministério de Minas e Energia projeta:

  • Aumento de 1.155 MW na geração de biomassa em 2024.
  • US$ 6 trilhões em oportunidades na transição energética até 2050.
  • Expansão do mercado de hidrogênio verde e aço sustentável.

Destaques do setor:

  • A Raízen, maior produtora global de etanol de 2ª geração (E2G), operará 20 plantas até 2031, com capacidade de 1,6 bilhão de litros/ano.
  • Exportações de energia de biomassa cresceram 17% em 2024, impulsionadas por bagaço e licor negro.

Conclusão

O Brasil não apenas avança na descarbonização interna, mas posiciona-se como fornecedor global de soluções sustentáveis. Com investimentos contínuos em tecnologia e políticas inclusivas, o país está pronto para liderar a revolução da bioeconomia.