Por que o mercado de saúde de Angola está pronto para se expandir?
Nos últimos anos, Angola tem demonstrado avanços significativos no setor de saúde, impulsionados por investimentos em infraestrutura, parcerias internacionais e reformas estratégicas. Com uma população de mais de 34 milhões de habitantes e uma crescente demanda por serviços de qualidade, o país está posicionado para se tornar um dos mercados de saúde mais dinâmicos da África Subsaariana.
Este artigo explora os fatores-chave que estão moldando essa expansão, desde políticas públicas até inovações tecnológicas, e como eles estão transformando o acesso à saúde para os angolanos.
1. Prioridades Governamentais: Do PNDS às Metas Concretas
O Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário (PNDS) 2012-2025 já alcançou avanços significativos, mas desafios persistem:
- Redução da mortalidade infantil: Entre 2012 e 2025, a taxa de mortalidade de menores de 5 anos caiu de 68 para 52 por 1.000 nascidos vivos, enquanto a mortalidade materna diminuiu de 239 para 170 por 100.000 nascimentos.
- Infraestrutura em expansão: O país conta com 1.650 postos de saúde, 25 hospitais provinciais e 20 hospitais centrais, embora 70% das unidades rurais ainda careçam de eletricidade e água potável.
Novos Projetos em 2025:
- Hospital Militar Principal (Luanda): Inaugurado em 2024, possui tecnologia de ponta para cirurgias cardíacas e atendimento neonatal.
- Hospitais Regionais: Unidades em construção em Sumbe, Ndalatando e Ondjiva, com previsão de conclusão em 2025.
2. Setor Privado: Investimentos e Desigualdades
A Clínica Sagrada Esperança (CSE) exemplifica o dinamismo do setor privado:
- Investimento de US$ 72 milhões: Parceria com o IFC (Banco Mundial) para construção de um complexo hospitalar de 140 leitos em Luanda, incluindo centros de diálise e neurocirurgia.
- Cobertura geográfica: 29 unidades em 16 províncias, embora 99,9% das clínicas privadas estejam concentradas em áreas urbanas.
Financiamento do Setor Saúde (2025):
Fonte | Participação |
Governo | 70% |
Setor privado/pacientes | 30% |
3. Colaboração Internacional: Parcerias Estratégicas
- OMS: Apoiou a redução da mortalidade neonatal através de treinamentos em saúde reprodutiva e vigilância epidemiológic.
- União Europeia: Financiou o Plano Estratégico do Sistema de Informação de Saúde (2024-2030), focado em digitalizar dados e melhorar a coleta de indicadores como causas de morte e registros de nascimento.
Impacto Econômico da Saúde Universal:
Segundo a OMS, cada dólar investido em cobertura universal de saúde pode aumentar o PIB de países de baixa renda em até 2% anualmente, graças à maior produtividade e redução de custos com doenças crônicas.
4. Mercado Farmacêutico: Desafios na Distribuição
- Dependência de importações: 80% dos medicamentos são importados, mas a produção local de genéricos cresceu 45% entre 2020 e 2024.
- Estratégia Nacional de Cadeia de Suprimentos (2016): Foco em melhorar o armazenamento de antimaláricos e racionalizar a distribuição para áreas remotas.
Principais Causas de Mortalidade (2025):
Doença/Causa | Participação |
Infecções respiratórias | 81,76% |
HIV/AIDS | 63,68% |
Doenças cardiovasculares | 85,35% |
5. Tecnologia e Inovação: Telemedicina e Dados
- Telemedicina: Projetos-piloto em Bié e Huíla utilizam plataformas digitais para conectar médicos em Luanda a pacientes rurais, reduzindo custos de deslocamento em 40%.
- Sistema de Informação de Saúde (2024-2030): Integrará dados de todas as unidades de saúde para monitorar indicadores em tempo real, com apoio da OMS e UE.
Metas do NHIS 2030:
- Registrar 95% dos nascimentos e óbitos eletronicamente.
- Reduzir o tempo de resposta a surtos epidêmicos de 30 para 7 dias.
6. Recursos Humanos: Uma Lacuna Crítica
Angola tem apenas 0,2 médicos por 1.000 habitantes, abaixo da média africana (0,8). Para resolver isso:
- Formação internacional: 200 médicos angolanos concluíram especializações em Cuba em 2024.
- Plano de Carreira: O governo propôs aumentar salários em 35% até 2026 para reter profissionais no setor público.
7. Projeções para 2030
- Crescimento do mercado hospitalar: Espera-se um aumento de 12% ao ano, impulsionado por parcerias público-privadas.
- Expansão do seguro saúde: Apenas 8% da população tem acesso hoje, mas o governo planeja lançar um sistema nacional de seguros até 2027.
Conclusão Reforçada
A combinação de investimentos maciços em infraestrutura, parcerias globais e foco em tecnologia posiciona Angola como um caso de estudo em transformação sanitária na África. No entanto, a equidade no acesso — especialmente para as 18 milhões de pessoas em áreas rurais — dependerá de soluções criativas, como telemedicina subsidiada e modelos híbridos de financiamento.