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Por que Moçambique está investindo em hidrelétricas e energia eólica offshore?

Moçambique está emergindo como um líder africano na transição para energias renováveis, com investimentos estratégicos em hidrelétricas e energia eólica offshore. Combinando abundantes recursos naturais, compromissos climáticos e demandas socioeconômicas, o país busca não apenas garantir acesso universal à eletricidade, mas também posicionar-se como um hub energético regional. Este artigo explora os motivos por trás dessa estratégia, destacando dados concretos e projetos emblemáticos.

O Potencial Hidrelétrico de Moçambique

Moçambique possui uma das maiores capacidades hidrelétricas da África Subsaariana, estimada em 12.500 MW, concentrada principalmente no rio Zambeze. A hidrelétrica já responde por 85% da geração de eletricidade do país, com a usina de Cahora Bassa (2.075 MW) como carro-chefe.

Principais Projetos em Andamento:

Projeto Capacidade Localização Impacto Esperado
Mphanda Nkuwa 1.500 MW Rio Zambeze Aumentará em 50% a capacidade energética do país, beneficiando 3 milhões de lares.
Pavua 160 MW Rio Pungué (Sofala) Reduzirá inundações e garantirá água para irrigação, criando 3.000 empregos.
Cahora Bassa Norte 850 MW Tete Expansão para reforçar exportações regionais via Southern African Power Pool.

Vantagens do Investimento em Hidrelétrica:

  • Estabilidade Energética: Fontes hidrelétricas oferecem energia contínua, essencial para indústrias e crescimento econômico.
  • Redução de Emissões: Substitui termelétricas a carvão, evitando milhares de toneladas de CO₂ anualmente.
  • Integração Regional: 40% da energia gerada é exportada para países vizinhos, gerando receita em moeda estrangeira.

Energia Eólica Offshore: Um Novo Horizonte

Embora menos explorada, a energia eólica offshore ganha destaque em Moçambique. Estudos indicam um potencial de 4,5 GW em áreas costeiras, com velocidades médias de vento acima de 7 m/s no sul do país.

Projetos Pioneiros:

Projeto Capacidade Localização Status Parceiros Envolvidos
Namaacha 120 MW Maputo Em construção (2025) African Development Bank, IFC, DFC.
Metoro 120 MW Cabo Delgado Planejado EDF, TotalEnergies, Sumitomo Corporation.

Benefícios da Eólica Offshore:

  • Complementaridade: Ventos fortes no litoral sul equilibram a sazonalidade das hidrelétricas.
  • Atração de Investimentos: Parcerias com gigantes como TotalEnergies e Banco Mundial impulsionam financiamentos.
  • Criação de Empregos: O projeto Namaacha gerará 600 vagas temporárias e 20 permanentes, com foco em mulheres e jovens.

Motivações Estratégicas por Trás dos Investimentos

Diversificação da Matriz Energética:

  • Atualmente, 81% da energia total do país vem de fontes renováveis, mas a dependência de hidrelétricas expõe o sistema a secas. A eólica offshore e solar (com potencial de 23.000 MW) garantem resiliência.

Compromissos Climáticos:

  • Moçambique pretende reduzir 30% das emissões até 2030, alinhando-se ao Acordo de Paris. Projetos como Namaacha evitarão 71.816 toneladas de CO₂/ano.

Inclusão Social e Econômica:

  • Apenas 34% da população tem acesso à eletricidade. Programas como Energia para Todos visam universalizar o acesso até 2030 via mini-redes solares e eólicas.

Posicionamento como Exportador Regional:

  • Através do Southern African Power Pool, o país exporta excedentes para África do Sul e Zimbábue, fortalecendo sua economia.

Desafios e Oportunidades Futuras

Barreiras a Superar:

  • Infraestrutura Limitada: A rede elétrica cobre apenas 40% do território, exigindo investimentos em transmissão.
  • Financiamento: Projetos como Mphanda Nkuwa dependem de parcerias internacionais, como o Banco Africano de Desenvolvimento.

Oportunidades Emergentes:

  • Hidrogênio Verde: O potencial eólico offshore pode impulsionar a produção de combustíveis limpos para exportação.
  • Agricultura Resiliente: Hidrelétricas como Pavua garantem água para irrigação, aumentando a segurança alimentar.

Conclusão

Moçambique está transformando seu vasto potencial renovável em alicerce para desenvolvimento sustentável. Combinando hidrelétricas de grande escala com investimentos pioneiros em eólica offshore, o país não apenas avança na descarbonização, mas também cria empregos, fortalece a economia e consolida-se como peça-chave no mercado energético africano.