Por que o setor de agroprocessamento de Moçambique está atraindo investimentos?

Moçambique está emergindo como um polo estratégico para investimentos em agroprocessamento na África Austral, impulsionado por recursos naturais abundantes, políticas governamentais dinâmicas e parcerias internacionais robustas. Nos últimos cinco anos, o setor mobilizou US$ 1,1 bilhão para modernização agrícola, redução da pobreza rural e segurança alimentar. Este artigo expande a análise com dados atualizados, exemplos concretos e perspectivas futuras.

1. Crescimento do Investimento no Setor Agrícola

Moçambique possui 36 milhões de hectares de terra arável, mas apenas 12% são cultivados atualmente, concentrados principalmente nas províncias de Nampula (25%), Zambézia (20%) e Tete (15%). Essas regiões combinam fertilidade do solo e densidade populacional, criando oportunidades para:

• Cajú: 45% da produção é processada localmente, com 9 fábricas em operação.
• Soja: Apenas 5% da produção nacional é processada, apesar da capacidade instalada para atender toda a demanda.
• Hortícolas: As exportações de vegetais cresceram 45% em 2024, atingindo US$ 130 milhões.

Novos Dados de Investimento (2020-2024):

2. Políticas Governamentais e Incentivos Fiscais

Reformas recentes ampliaram o atrativo do setor:

• Lei do Cajú (2023): Adaptada às exigências de mercados internacionais, facilitando exportações premium.
• Estratégia Agrícola 2030: Foco em irrigação, com meta de expandir áreas irrigadas para 500 mil hectares.
• Programa Sustenta: Elevou a renda média de US$ 200 para US$ 400 anuais em 415 mil famílias.

Exemplo de Sucesso: A Olam Agri detém 30% do mercado de arroz e óleos comestíveis, impulsionando cadeias de valor locais.

3. Parcerias Internacionais e Sustentabilidade

Organizações globais e regionais reforçam a resiliência do setor:

• Fundo Africano de Fertilizantes: Financiou US$ 2 milhões para acesso a fertilizantes em seis províncias.
• Banco Africano de Desenvolvimento (BAfD): Aprovou US$ 20 milhões para agricultura climática inteligente.
• SADC: Exportações de banana geraram 20 mil empregos via investimentos regionais.

Iniciativas em Destaque:

• PIGA (Parceria para Investimento e Crescimento em África): Foco em práticas ambientais e inclusão de gênero.
• TechnoServe: Apoiou a formalização de 125 agro-comerciantes para reduzir perdas pós-colheita.

4. Desafios e Resiliência

Persistem obstáculos críticos, mas com soluções inovadoras:

• Mudanças climáticas: Ciclones afetaram 2,5 milhões de pessoas em 2024, mas seguros agrícolas subsidiados cobrem 15% dos produtores.
• Infraestrutura: Apenas 30% das estradas rurais são pavimentadas, mas Parcerias Público-Privadas (PPPs) construíram 12 armazéns climatizados em 2024.
• Financiamento: 70% dos pequenos produtores dependem de crédito informal, porém o Fundo Agrícola mobilizou US$ 83,2 milhões em recursos internos.

Estratégias de Mitigação:

• Tecnologia: Sensoriamento remoto monitora 90.680 km² de terras agrícolas para otimizar plantios.
• Capacitação: 8.700 agricultores treinados em técnicas de cultivo resilientes ao clima.

5. Oportunidades Futuras

Setores promissores e projeções para 2025-2030:

1. Cajú Premium

• Mercado global: US$ 12,3 bilhões (2025).
• Oportunidade: Processamento de 55% da produção nacional em kernels de alta qualidade.

2. Soja para Ração Animal

• Demanda interna: Crescimento de 8% ao ano, impulsionada pela avicultura.
• Capacidade: 60 mil toneladas de fertilizantes financiadas para expandir cultivos.

3. Exportações Regionais

• SADC: 80% da produção de papaia, manga e banana da Província de Maputo destinada à região.
• UE: Hortícolas orgânicos podem gerar US$ 150 milhões anuais.

Previsões Estratégicas:

• Criação de 500 mil empregos diretos até 2030.
• Aumento de 40% na produção avícola com ração local.

Conclusão

Moçambique combina potencial agropecuário, políticas visionárias e parcerias globais para se tornar um hub de agroprocessamento. Com investimentos em tecnologia, sustentabilidade e acesso a mercados, o país oferece retornos financeiros e impacto social equilibrados, atraindo tanto gigantes como a Olam Agri quanto pequenos empreendedores.