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8 Maneiras Pelas Quais o Brasil Está Pioneirando a Energia Eólica na América Latina

O Brasil consolidou-se não apenas como líder latino-americano em energia eólica, mas também como um exemplo global de transição energética sustentável. Combinando recursos naturais excepcionais, políticas inovadoras e investimentos estratégicos, o país transformou ventos em uma fonte limpa que hoje responde por 16% da matriz elétrica nacional. Abaixo, detalhamos oito pilares dessa trajetória, com dados atualizados até 2025 e insights sobre desafios e oportunidades.

1. Crescimento Acelerado (e Desaceleração Recente)

Marcos Históricos

  • 2010–2023: Capacidade instalada saltou de 1 GW para 28,39 GW.
  • 2023: Geração anual de 95 TWh, suficiente para abastecer 41,5 milhões de residências.
  • 2024: Desaceleração para 3,3 GW de novas instalações, reflexo de sobreoferta e custos elevados.

Projeções e Desafios

Indicador 2024 2030 (Meta)
Capacidade Onshore 38,53 GW 50 GW
Capacidade Offshore 0 GW 2 GW
Emprego Direto/Indireto 480 mil 1,2 milhão

Crise Recente: Cortes obrigatórios de geração (curtailment) e gargalos na rede elétrica reduziram a atratividade do setor em 2024–2025.

2. Nordeste: O Gigante dos Ventos

Dominância Regional

  • 90% da produção nacional concentra-se no Nordeste, com ventos estáveis e fatores de capacidade médios de 42%.
  • Rio Grande do Norte: Maior produtor (5 GW), abrigando megaprojetos como o Complexo Cajuína (632,4 MW).

Impacto Socioeconômico

  • João Câmara (RN): IDH aumentou 25% após instalação de parques eólicos.
  • Renda Complementar: Proprietários de terras recebem até R$ 6.000/mês por turbina instalada.

3. Revolução Offshore: 700 GW de Potencial

Legislação e Primeiros Passos

  • Lei 576/2021: Sancionada por Lula em 2025, regulamenta exploração em águas territoriais e atrai empresas como Equinor e Shell.
  • Licenciamento Ambiental: 97 projetos em análise no IBAMA, totalizando 234 GW.

Projetos Em Destaque

Projeto Local Capacidade Investimento
Ventos do Atlântico RJ 5 GW US$ 12 bi
Jangada CE 3 GW US$ 8 bi
Vento Tupi PI 1,4 GW US$ 3,5 bi

Desafio: Infraestrutura de transmissão oceânica ainda inexistente.

4. Sinergia com o Pré-Sal

Transferência de Tecnologia

  • Empresas como Petrobras e Prumo Logística adaptam expertise em plataformas offshore para parques eólicos.
  • Redução de Custos: Uso de embarcações e sistemas de ancoragem já testados no petróleo.

5. Leilões e Contratos: Atraindo US$ 6,2 bi/ano

Mecanismo de PPAs

  • Leilões A-5 e A-6: Garantem contratos de 20 anos, com preços médios de R$ 98/MWh em 2024.
  • Novos Mercados: 45% dos projetos destinam-se ao mercado livre, incluindo data centers e hidrogênio verde.

Crise de Demanda

  • 2024: Excesso de oferta reduziu novos contratos, pressionando fabricantes de turbinas a reduzirem produção.

6. Inovação Tecnológica

Turbinas de Última Geração

  • Modelo Haliade-X (GE): 12 MW de potência, altura de 260 m, instaladas no projeto Asa Branca (CE).
  • Fator de Capacidade: 50% em parques do RN, contra média global de 35%.

Integração com IA

  • Sistemas preditivos ajustam ângulo das pás em tempo real, aumentando eficiência em 15%.

7. Impacto Ambiental e Críticas

Redução de Emissões

  • 2023: 3,6 milhões de toneladas de CO₂ evitadas.
  • Meta 2030: Substituição de termelétricas a diesel no Amazonas.

Controvérsias

  • Curtailment: 12% da energia eólica foi desperdiçada em 2024 devido à falta de demanda.
  • Conflitos com Comunidades: Pesca artesanal no Ceará alega impacto de cabos submarinos.

8. Futuro: Hidrogênio Verde e Recuperação Pós-Crise

Oportunidades Emergentes

  • Hidrogênio Verde: Projeto Base One (RJ) demandará 6 GW de eólica offshore até 2030.
  • Retomada em 2027: Previsão de crescimento de 5,9 GW/ano, impulsionado por data centers e veículos elétricos.

Ameaças Externas

  • Concorrência Solar: Preços 20% menores pressionam rentabilidade.
  • Política dos EUA: Suspensão de projetos offshore por Trump redireciona investidores ao Brasil.

Conclusão

A liderança brasileira em energia eólica enfrenta desafios inéditos em 2025, mas mantém bases sólidas para expansão. Com 211,77 GW em projetos offshore em pipeline e integração estratégica com hidrogênio verde, o país pode superar a atual desaceleração e reforçar seu papel na descarbonização global.